Na região da Bacia do
Rio Araranguá já há município que declarou estado crítico de condições de
abastecimento urbano
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Foto: Lucas Bellettini |
Santa Catarina vem registrando redução do volume de chuvas
desde junho de 2019. Para agravar a situação, os primeiros meses de 2020 - de
janeiro a março - tiveram precipitações abaixo da média histórica. E as
previsões referentes a duração da estiagem no Estado não são animadoras. Uma
nota técnica elaborada pela Secretaria de Estado de Desenvolvimento Econômico
Sustentável (SDE) e pela Secretaria Executiva de Meio Ambiente (SEMA),
divulgada no último sábado, dia 25, aponta que a situação crítica deverá se manter
por, no mínimo, mais três meses, até junho.
A Bacia do Rio Araranguá foi uma das áreas de Santa Catarina
que apresentou agravamento na situação da estiagem. Foi o que apontou o Boletim
Hidrometeorológico Integrado de Santa Catarina, divulgado no dia 13 de abril de
2020. Dentro das Bacia do Rio Araranguá, os municípios de Turvo e Ermo
declararam estado crítico e de alerta, respectivamente, em relação às condições
de abastecimento urbano.
“A prioridade será o abastecimento humano e a dessedentação
dos animais. Temos receios do surgimento de muitos conflitos pelo uso da água,
mas neste momento cada um precisa fazer a sua parte”, afirmou o presidente do
Comitê da Bacia do Rio Araranguá e Afluentes Catarinenses do Rio Mampituba,
Luiz Leme.
De acordo com dados Epagri/Ciram, anomalias negativas de
precipitação mensal acumulada do período entre maio de 2019 a abril de 2020
variaram em todo o Estado. No Litoral Sul esse número foi de -330,6. A
sequência de meses com baixo volume de chuva tem afetado não só o abastecimento
urbano, mas também a geração de energia e a agricultura de Santa Catarina.
De acordo com dados do Operador Nacional do Sistema Elétrico
(ONS), nos primeiros meses de 2020 foi gerada apenas 39% da energia
hidrelétrica tendo em vista o mesmo período no ano de 2019 no Estado. Já a
Epagri/CEPA, aponta que as principais lavouras afetadas são as de milho,
silagem, feijão e soja. As perdas na cultura de feijão chegam a 60% em
municípios do Meio Oeste, por exemplo.
“Na Bacia do Rio Araranguá, a rizicultura é a maior usuária
de água. Felizmente este setor não está fazendo uso dos recursos hídricos neste
momento. Porém, pode ser prejudicado no futuro, porque os preparos do solo
começam em julho e não sabemos se até lá estará normalizado”, acrescentou Leme.
Economizar e
armazenar
E todos podem colaborar para amenizar o problema. A
orientação é bom senso e conscientização. É economizar a água e não fazer o uso
para atividades notadamente promotoras do desperdício. A engenheira ambiental e
assessora técnica do Comitê Araranguá, Michele Pereira da Silva, lembra ainda
que o Plano de Recursos Hídricos da Bacia do Rio Araranguá já adianta a
necessidade da implantação de reservatórios de água na região.
“Existe a preocupação com a reservação hídrica de pequenos e
médios barramentos e açudes para a área rural. Outra forma é o reuso e captação
de água em área urbana. Com essa previsão de pouca chuva para os próximos três
meses, vamos ter que praticamente fazer com que as pessoas armazenem água para
a próxima lavoura de arroz na Bacia do Rio Araranguá”, alertou Michele.