A conclusão do Plano Estadual de Recursos Hídricos levantou
um alerta para o Sul de Santa Catarina, que se evidencia ainda mais neste Dia
Mundial da Água. O estudo aponta que o recurso hídrico disponível está em
situação péssima, tanto em qualidade quanto em quantidade, tornando a região com
situação mais crítica de toda Santa Catarina.
A Fundação CERTI foi a responsável pela elaboração do Plano
Estadual e, de acordo com um de seus engenheiros sanitaristas e ambientais,
Vitor Santos Guimarães, essa maior criticidade em relação ao uso dos recursos
hídricos ocorre em função da grande quantidade de água destinada ao setor da
irrigação. “Atualmente, a região do extremo sul catarinense é responsável por
mais da metade (54%) de toda demanda de água para a irrigação do estado, sendo
somente a Bacia do Rio Araranguá responsável por 41% de toda essa demanda. A
rizicultura irrigada, muito presente na região, é responsável pela grande
demanda de água nesses municípios”, explica.
Diante dessa realidade e visando compatibilizar a disponibilidade
e demanda de água, o Plano Estadual estabeleceu como meta para a região reduzir
em 28% a demanda total de água até 2027. “Entre as sugestões propostas para os
próximos anos estão ações para otimização do uso da água na irrigação,
capacitação de usuários de água, melhorias nos sistemas de saneamento, ampliação
da rede de monitoramento e estudos para preservação de água”, exemplifica
Guimarães.
A região em questão abrange 29 municípios das Bacias
Hidrográficas dos Rios Araranguá, Urussanga e Afluentes Catarinenses do Rio
Mampituba: Araranguá, Balneário Arroio do Silva, Balneário Gaivota, Balneário
Rincão, Cocal do Sul, Criciúma, Ermo, Forquilhinha, Içara, Jacinto Machado,
Jaguaruna, Maracajá, Meleiro, Morro da Fumaça, Morro Grande, Nova Veneza, Passo
de Torres, Pedras Grandes, Praia Grande, Sangão, Santa Rosa do Sul, São João do
Sul, Siderópolis, Sombrio, Timbé do Sul, Treviso, Treze de Maio, Turvo e
Urussanga.
Ações saem do papel
com atuação do Comitê Araranguá
Com objetivo de contribuir com a preservação e promover uma
gestão eficiente da água disponível, o Comitê da Bacia Hidrográfica do Rio
Araranguá tem atuado em ações efetivas, que trarão resultados positivos a médio
e longo prazo.
Conforme o presidente, Sérgio Marini, em 2017 o Comitê foi
responsável por começar a tirar do papel o projeto piloto de outorga da água,
um momento histórico e importante no que diz respeito à mobilização. “Com a
agricultura se organizando e solicitando essa outorga, conseguiremos ter
conhecimento de quem planta, dos tipos de cultura que são desenvolvidos na
região e, consequentemente, da quantidade de água que é gasta para a
atividade”, completa.
Tal ponto se torna fundamental para o processo de gestão das
águas, porque assim, de acordo com a engenheira ambiental e pesquisadora do
Comitê Araranguá, Michele Pereira da Silva, será possível aplicar as ações com
conhecimento técnico e mais próximo da realidade. “O Plano identificou a
necessidade de reduzir a quantidade de água usada na agricultura e agora, com a
outorga, teremos também as informação necessárias para estabelecer a quantidade
mínima que poderá ser utilizada para preservar o recurso e, ao mesmo tempo, não
prejudicar o desenvolvimento da atividade econômica”, argumenta.
Até porque, como reforça o presidente, a ideia não é prejudicar
a economia, e sim desenvolver o setor de uma forma consciente e sustentável, aliando
o processo produtivo com a preservação do recursos hídricos. “E além disso,
para contribuir, temos mediado conflitos pelo uso da água que trazem grandes
ganho ambientais, uma vez que inúmeros agricultores têm investido em áreas de
recuperação, com plantio de mudas e fortalecimento da educação ambiental para
crianças e jovens”, finaliza Marini.
Francine Ferreira
Nenhum comentário:
Postar um comentário