Uma análise promovida pelo Comitê da Bacia do Rio Araranguá
e Afluentes Catarinenses do Rio Mampituba, em parceria com a Fundação do Meio
Ambiente de Araranguá, por meio de ensaios físico-químicos, evidenciou que as
águas dos Rios Mãe Luzia e Araranguá permanecem com pH bastante ácido, enquanto
o Rio Itoupava mantém um pH mais elevado.
As três amostras foram coletadas no fim do mês de março e,
posteriormente, analisadas pelo Serviço Autônomo Municipal de Água e Esgoto
(Samae) de Araranguá, com base nos Padrões de Potabilidade de Água determinados
nas recomendações da Portaria nº 05, de 28 de setembro de 2017, do Ministério
da Saúde.
No caso do Rio Araranguá, a coleta aconteceu 300 metros abaixo
da foz, na margem esquerda, resultando em um pH de 4,54. Neste caso, o estudo
concluiu que, dentre os parâmetros analisados, “cor, pH, alumínio e manganês
estão em desacordo com os Padrões de Potabilidade de Água”.
Em relação ao Rio Mãe Luzia, o pH da água ficou e 4,22,
estando o “pH, alumínio e manganês em desacordo com os Padrões de Potabilidade
de Água”. Por fim, no que diz respeito do Rio Itoupava, a água analisada teve
um pH de 7,23, com a “cor, turbidez e ferro em desacordo com os Padrões de
Potabilidade de Água”.
Conforme o presidente do Comitê Araranguá, Luiz Leme, as
análises comprovam grandes diferenças, como no caso do pH do Rio Mãe Luzia, que
é muito mais baixo do que o do Rio Itoupava. “No Mae Luzia, o pH baixo e alguns
outros elementos fazem com que haja sedimentação com mais rapidez, tornando a
água quase transparente, o que não quer dizer que seja de qualidade. Já em
relação ao Itoupava, a turbidez decorre da existência de mais exploração
agrícola, que torna a água mais barrenta”, completa.
A sociedade
como
parceira
Neste cenário, a assessora técnica do Comitê Araranguá,
engenheira ambiental Michele Pereira da Silva, destaca que, embora já existam
tratamentos para o processo de drenagem ácida do carvão e ações de proteção dos
rios na parte de lançamento dos afluentes, ainda é possível perceber uma
alteração significativa na água dos Rios Mãe Luzia e Araranguá.
“Por isso, é muito importante fazer com que as instituições
reconheçam a necessidade de proteção e de realização das atividades de
preservação e tratamento de efluentes, minimização dos impactos gerados pelas
atividades produtivas nos recursos naturais”, avalia.
Para a assessora técnica, a sociedade está cada vez mais
degradando sem se preocupar com o uso futuro dessas águas. “Quais são, como
vamos buscar a qualidade da água para abastecimento, para os animais,
desenvolvimento das atividades agrícolas, se não temos hoje? Isso vai impactar
na qualidade de vida em algum momento”, alerta.
No estudo em questão, os parâmetros foram básicos, segundo
Michele, em que não se analisaram uma grande quantidade de metais pesados. “Se
há a preocupação de que existe uma carga de poluição agrícola e de mineração, precisamos
buscar uma solução. Nosso Plano de Bacias elencou 32 ações a serem
desenvolvidas, mas não conseguiremos sem o envolvimento social”, reforça.
O apelo ao poder
público
e às instituições
Uma das principais necessidades atuais seria o
reconhecimento da importância da gestão da água para a mudança da realidade
futura. “Precisamos que o poder público e as instituições se responsabilizem e
tenham a consciência de que as suas ações geram impacto nos recursos naturais,
e que precisamos que todos estejam envolvidos. Afinal de contas, a qualidade da
água influencia a qualidade de vida de toda população. No futuro, alguns
municípios poderão sofrer com a falta de água e não terão opções de
abastecimento, então temos que agir, e agora”, finaliza a engenheira ambiental.
Francine Ferreira
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