Em alusão à data mundial, órgãos reforçam que cada pequena ação faz a diferença e impacta de maneira positiva ou negativa os recursos naturais da região
O fato ganha ainda mais importância quando a rede de
abrangência é analisada como um todo, estabelecendo conexões com as três bacias
do Sul de SC: Tubarão e Complexo Lagunar, situada na Região Hidrográfica RH9, e
Urussanga e Araranguá e Mampituba, na Região Hidrográfica RH10.
Nesse cenário, em que a água desempenha diferentes papéis no
cotidiano da população, desde o abastecimento doméstico e agricultura até
fabricação de produtos e meio transporte, a mobilização social e um olhar
atencioso em prol deste recurso se torna imprescindível. Por este motivo, desde
o fim de 2022, com o intuito de reforçar as atuações, ações desenvolvidas e
demandas diárias, os três órgãos passaram a ter como Entidade Executiva a
Universidade do Extremo Sul Catarinense (Unesc), por meio da equipe técnica do
ProFor Águas.
“Além de celebrar a vitalidade da água, o dia 22 de março
também nos leva a refletir sobre a urgência de sua preservação. Esta não é
apenas uma data simbólica, mas sim um lembrete contundente de nossa
responsabilidade coletiva em proteger e conservar este recurso essencial para a
vida em nosso planeta. Na Unesc, reconhecemos profundamente a importância da
água em nossas vidas e em nosso ambiente, é por isso que nos comprometemos com
diversas iniciativas que visam promover a conscientização, a pesquisa e a ação
em prol da preservação dos nossos recursos hídricos”, comenta a reitora da
Unesc, Luciane Bisognin Ceretta.
“Entre estas iniciativas, destaco com orgulho o ProFor
Águas, no qual a Unesc desempenha o papel de Entidade Executiva e que promove
uma abordagem holística e interdisciplinar para o entendimento e conservação de
nossas águas. Nossa equipe, dedicada e apaixonada, está comprometida em liderar
esforços que transcendem as fronteiras acadêmicas, trabalhando em estreita
colaboração com os comitês, comunidades, governos e outras instituições para
desenvolver soluções inovadoras e sustentáveis para os desafios relacionados à
água”, acrescenta.
O coordenador geral do ProFor Águas, professor Doutor
Carlyle Torres Bezerra de Menezes, lembra a importância do papel da entidade.
“Estamos conscientes da importância do nosso papel neste novo modelo de gestão
e governança da água proposto para o fortalecimento dos comitês de bacias
hidrográficas. Queremos contribuir para uma efetiva gestão compartilhada e
participativa por parte da sociedade. Este bem comum é muito mais do que um
recurso com valor econômico ou a ser utilizado nas nossas atividades, ele é essencial
para a qualidade do ambiente e da vida. Almejamos que o acesso a água seja
feito de forma justa e equitativa, garantindo, assim, o equilíbrio e a
conservação ambiental”, frisa.
Extensão interestadual
Somando mais de quatro mil quilômetros quadrados, o Comitê
Araranguá e Afluentes Catarinenses do Rio Mampituba faz a gestão de mananciais
que passam por 16 municípios. Diferentemente dos outros órgãos, este tem uma
peculiaridade: alguns mananciais continuam seu trajeto no estado gaúcho e o
contrário também acontece. Desta forma, ao incentivar práticas sustentáveis,
como o manejo adequado do solo, o reflorestamento de áreas degradadas e o
tratamento adequado dos efluentes, os resultados positivos ultrapassam as
barreiras geográficas do Estado.
“Possuímos algumas singularidades, como por exemplo dois
Planos de Recursos Hídricos para implementarmos, um da Bacia do Rio Araranguá e
outro do Rio Mampituba. Nesse sentido, planejar ações conjuntas entre os dois
Comitês, por meio da gestão compartilhada, é uma das propostas que já está em
execução. Temos como foco a proteção e conservação dos mananciais, garantindo,
assim, o uso adequado e sustentável da água”, reforça a presidente do Comitê
Araranguá e Afluentes Catarinenses do Rio Mampituba, Eliandra Gomes Marques.
Entre os principais rios da bacia, além do próprio Rio
Araranguá, destacam-se: Rio Itoupava e seus afluentes (Rio Amola Faca, Rio da
Rocinha, Rio da Figueira, Rio Pinheirinho, Rio da Pedra, Rio Engenho Velho e
outros), Rio Manuel Alves e seus afluentes (Rio Morto, Rio do Meio, Rio do
Salto, Rio Pilão e outros) e Rio Mãe Luiza e seus afluentes (Rio São Bento, Rio
Sangão, Rio Criciúma, Rio do Cedro e outros).
Já no que diz respeito à Bacia do Rio Mampituba, 1.224
quilômetros estão em território catarinense e abrangem nove municípios. Em
Santa Catarina, os principais afluentes do Rio Mampituba são: Arroio
Faxinalzinho, Rio Pavão, Rio Malacara, Rio Canoas, Rio Barro Preto, Rio Sertão,
Rio da Laje, Rio Caverá e Sanga da Madeira, possuindo ainda um complexo lagunar
composto pela Lagoa do Sombrio e Lagoa do Caverá.
Para o vice-presidente do Comitê, Juliano Mondardo Dal
Molin, a situação da qualidade e quantidade de água é motivo de preocupação,
uma vez que uma série de atividades humanas comprometem alguns trechos desses
cursos d’água. Entre um dos problemas já detectados, por meio de um dos
projetos executados pelo órgão em 2023, está o desmatamento das matas ciliares,
encostas e nascentes.
“Nós temos a grande responsabilidade de tomar decisões que
impactam toda a bacia hidrográfica. Por isso, em nossas ações, buscamos sempre
a garantia da qualidade e quantidade de água. Como no caso deste e de outro
projeto, que tinha como objetivo promover a educação ambiental nas escolas,
visando conscientizar os adultos de amanhã”, destaca Dal Molin.
Enchentes constantes
Responsável pela gestão dos recursos hídricos de 22
municípios, o Comitê Tubarão, Complexo Lagunar e Bacias Contíguas luta
incansavelmente por iniciativas que minimizem o impacto das cheias que, somente
no último ano, afetaram a região mais de uma vez. Com as nascentes localizadas
na encosta da Serra Geral, tendo como principais formadores os rios Rocinha e
Bonito, o Rio Tubarão é o principal da Bacia, com aproximadamente 119
quilômetros de extensão.
Outro importante curso d’água é o Rio Duna, que possui cerca
de 60 quilômetros de comprimento. Neste sentido, na visão do presidente do
órgão, Woimer José Back, todos os mananciais, independentemente do tamanho, são
importantes e merecem o devido cuidado. “Água é vida. Parece uma frase clichê,
mas ela é muito verdadeira. Viemos de uma cultura de abundância dos recursos
naturais e temos a falsa impressão de que eles são infinitos. Precisamos
reforçar o viés da preservação, principalmente quando vemos a grande
importância deles em nossa vida”, enfatiza.
Além disso, o Complexo Lagunar Sul Catarinense, que integra
a bacia, é formado por diversas lagoas, entre elas as principais que drenam o
Rio Tubarão e o Rio D’Una são: Mirim, Imaruí, Santo Antônio e Santa Marta,
entre outras pequenas. “Nossas lindas praias também carecem de preservação, de
maneira ainda mais intensa pela poluição daqueles que visitam os locais,
principalmente no verão. Temos que ter em mente que toda ação em prol do meio
ambiente é bem-vinda, desde não poluir esses locais, até o tratamento do esgoto
residencial da maneira adequada e o cuidado com a contaminação química das
indústrias”, reforça.
Problemas de quantidade e qualidade
Abrangendo 10 municípios, o Comitê Urussanga tem como
principal rio aquele que dá nome ao órgão. Formado a partir da confluência do
Rio Maior com o Rio Carvão, recebe pela margem direita os rios América, Caeté,
Cocal, Ronco D'Água, Linha Torrens, Linha Anta, Três Ribeirões; e pela margem
esquerda, os rios Barro Vermelho, Ribeirão da Areia e Vargedo.
Ademais, em sua área de influência encontra-se um sistema
lagunar, composto pela Lagoa Bonita, Lagoa do Réu, Lagoa Urussanga Velha e
outras menores, bem como vários arroios, como os da Cruz e do Réu.
“Apesar desta bacia ser a menor do Sul catarinense, em
relação à área, ela está entre as piores de todo o Estado. A gravidade da
situação aumenta ainda mais quando se trata da qualidade. Precisamos colocar o
conhecimento em prática e usar a água de forma sustentável, além de
implementarmos ações que corroborem para a preservação. A união dos três
Comitês é essencial, principalmente para mobilizarmos de maneira mais intensa
toda a população”, evidencia a presidente do Comitê Urussanga, Lara Possamai
Wessler.
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