Desde a fundação em 1982 da Cooperativa Turvense de Irrigação os associados não haviam passado por uma estiagem tão prolongada. As chuvas não foram suficientes para abastecer os rios e suas nascentes. Consequentemente, o volume de água, que nesta época já é deficitária, diante da demanda para irrigação do arroz , ficou muito aquém do normal esperado. Há alguns anos o volume de água nos rios não se mantém constante por um período maior que três a quatro dias. Em função disso a vazão de captação por gravidade oscila muito, sendo insuficiente para atender as necessidades tanto para o consumo humano quanto para a rizicultura.
Observando a localização da COOTIL, sediada na porção sul da bacia, é possível analisar que a água é proveniente de pequenos rios, possuindo um volume de água baixo devido a sua proximidade das nascentes. E que em comparação em nível de bacia hidrográfica estes rios são curto, em extensão, da nascente à foz no Rio Araranguá. Sendo assim, a potencialidade de água de afluentes, represas e barragens é muito carente, fazendo-se necessário construir mais estruturas de armazenamento de água, como exemplo, a barragem do Rio Do Salto. Portanto, há uma grande dependência das chuvas, que deveriam ser semanais neste período, o que não tem acontecido.
Diante deste cenário os associados dos 10 setores da COOTIL, que captam água dos rios que cortam a região, estão em estado de alerta, mesmo depois de temporariamente abastecidos pelas últimas chuvas de boa intensidade em dezembro e as esporádicas de janeiro, fazendo crescer a expectativa. "Ao se tentar vislumbrar o futuro, com a memória ainda assombrada pelo passado recente, há uma sensação de impotência, um misto de desânimo, angustia, de inconformismo conformado, buscando acreditar que existe uma luz no fim do túnel. E existe luz sim, alias, várias luzes", desabafa Rogério Bardini, Presidente da Cooperativa.
Bardini se refere a construção da barragem do Rio Do Salto, estruturas de captação adaptadas ao novo comportamento dos rios, acordos de rodízio entre os usuários, respeito à vazão ecológica, racionalização do uso da água com respeito ambiental e principalmente conscientização e equilíbrio emocional humano. Enquanto se espreita essas luzes lá longe, os ânimos ainda continuam exaltados, os nervos a flor da pele, um frenesi crescente preste a explodir, já que nas lavouras estão depositados a economia de muitos, objetivando o pagamento de seus investimentos, a manutenção e o sonho do bem estar das suas famílias no presente e no futuro.
A QUEBRA DA PRODUÇÃO
A quebra da produção é real e será mensurada somente após a colheita. As cooperativas e associações de irrigação, junto do Comitê da Bacia Hidrográfica do Rio Araranguá, trabalharam de forma solitária neste intento, ainda que para superar a crise fosse necessário uma conscientização geral para o bem comum da humanidade. Sendo assim, no ano mais crítico da sua história a COOTIL, a maior cooperativa de irrigação do Brasil, não teve motivos para comemorar três décadas de trabalho incansável junto aos seus associados.
"Existimos para distribuir água de forma harmoniosa e ambientalmente sustentável entre os associados, buscando evitar ao máximo os conflitos. A natureza foi econômica e o homem ignorante durante esse período de estiagem. Mas serve de consolo o aprendizado que brota na dificuldade. Temos a consciência tranquila de que buscamos o possível para atender àqueles que confiam em nós", reforça Bardini.
Marca Comunicação_Jornalista Michele Fernandes _ 99143388
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